terça-feira, 22 de junho de 2010

Copa do Mundo 2010 - Brasil 2x1 Coreia do Norte (15.06.2010, Joanesburgo, jogo I, 1.ª fase)

Depois da desastrosa campanha na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, Dunga foi chamado para dirigir a Seleção Brasileira. De início, acreditava que o gaúcho faria uma espécie de mandato tampão, pois a época não era favorável e os candidatos eram escassos. No entanto, o cara se firmou, não sem dificuldades. Dunga se propôs a formar um grupo fechado com ele, e deu oportunidades para vários jogadores, novatos ou veteranos. Já é folclórica, nesse sentido, a aposta em Afonsão, que era o maior artilheiro na Europa, fazendo muitos gols pelo PSV Eindhoven. O cara não aprovou, assim como Vagner Love. Por outro lado, Dunga sempre botou fé em Robinho, e conseguiu firmar Luis Fabiano como centroavante goleador. A equipe que Dunga foi formando ao longo de quatro anos foi bastante criticada, mas o técnico sempre conseguiu resultados nas horas decisivas. Assim, apesar das desconfianças gerais (lembro bem de um notório narrador que lamentava o fato do Brasil não contar com seus maiores destaques, ao contrário da Argentina, que levava todos os seus medalhões), o time de Dunga venceu a Copa América de 2007. Em 2008, a Seleção não foi bem nas Olimpíadas em Pequim, e o ano foi salvo num amistoso contra a Itália. Essa partida (goleada e boa atuação contra os então campeões do mundo) me parece ter sido o ponto de partida para as bem-sucedidas campanhas na Copa América de 2009 e na Copa das Confederações de 2009. Sabe-se bem a bronca que Dunga "tem com" e "leva da" imprensa. Basta lembrar que a Seleção Brasileira de 1990 (treinada por Sebastião Lazaroni), que perdeu por 1x0 para a Argentina de Maradona e Canigia na Copa do Mundo na Itália, e se proclamou o fim da "era Dunga". Mais tarde, em 1994, o cara voltou como capitão da Seleção que ganhou o tetracampeonato. Formou-se, então, uma espécie de antipatia mútua, que só vem aumentando, sobretudo quando o futebol do time de Dunga é criticado, ao mesmo tempo em que consegue resultados expressivos.

A convocação para as Copas do Mundo sempre envolvem polêmica. Romário foi o centro das atenções na convocação para as Copas de 1994 (foi, e foi campeão), 1998 (não foi, machucado e tido como sem condições pela comissão médica) e 2002 (não foi, excluído por Felipão). Em 2006, Ronaldo já era chamado de gordo, mas o cara foi assim mesmo, virou o maior artilheiro da história das Copas, e foi isso. Desta feita, a imprensa do centro do país, que acabou acompanhada pela imprensa de outros estados, clamou pela convocação de dois jogadores que nos primeiros meses de 2010 apresentaram bom futebol: Neymar e Ganso, do Santos. Diz-se que o Santos joga futebol bonito, pra vencer, do tipo que toma gol mas faz muitos gols, e empilhou goleadas no Paulistão 2010. Ganhou, e ainda se deu bem na Copa do Brasil 2010, passando do Grêmio nas semifinais e se credenciando para a final (que se dará depois da Copa da África do Sul). Além deles, pleiteava-se a convocação de Ronaldinho Gaúcho, que tem atuações irregulares no Milan, mas é tido como o único capaz de desempenhar as funções de Kaká, sabendo-se que Kaká (e Luis Fabiano) vem de lesão e jogou pouco em 2010 (tanto Kaká como Luís Fabiano estão readquirindo forma física e técnica no decorrer da Copa). Dunga rejeitou todos eles, bem como Adriano (que se desconvocou por episódios extracampo – brigas públicas com noiva, fora de forma, jogando pouco futebol), e chamou apenas os jogadores que corresponderam do ponto de vista da hombridade exigida por Dunga.

O grupo do Brasil para a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, no papel, é complicado; são adversários na primeira fase a desconhecida Coreia do Norte, a Costa do Marfim de Drogba e Portugal de Cristiano Ronaldo, Deco e Liédson.

Se na Copa de 2006 os treinos eram abertos e (para mim, ridiculamente) transmitidos pela TV, agora praticamente nada se viu e se vê que não seja o desempenho da Seleção nos jogos da Copa. Dunga promove treinos fechados e a imprensa vem caindo de pau em cima da pouca disposição do técnico para facilitar o trabalho da multidão de jornalistas de rádio, TV e jornal (e internet). É só ver que os jornalistas acabam entrevistando-se entre si, pois não conseguem “exclusivas” com os jogadores ou com o técnico.

Seja como for, diz-se que favoritas são as seguintes seleções: Brasil, Argentina, Espanha, Holanda e Inglaterra. França, Itália e Alemanha não estão com grande força, mas são campeãs mundiais e por pior que estejam sempre vão longe.

A estreia do Brasil na Copa de 2010 seria contra a Coreia do Norte, em relação a qual nada se sabe. Até então, França, Inglaterra e Itália decepcionaram com empates nos jogos da primeira rodada, e a Holanda apresentou pouco futebol para vencer a Dinamarca. A Alemanha, de quem eu esperava muito pouco, apresentou o melhor futebol e detonou a Austrália por 4x0 com grandes atuações de Özil, Podolski, Klose e Cacau (brasileiro naturalizado entrou na etapa complementar e na primeira vez que tocou na bola fez o quarto gol). No dia seguinte da estreia brasileira, a Espanha surpreendeu perdendo de 0x1 para a Suíça.

Geralmente se espera que jogos de estreia do Brasil em Copas sejam nervosos e com pouco futebol. Não foi diferente contra a Coreia do Norte. A superioridade técnica era inegável, mas os norte coreanos se fecharam e o Brasil teve dificuldades para criar jogadas de ataque. A vitória veio só no segundo tempo, com um golaço de Maicon (que se aproveitou da famigerada bola Jabulani para dar um efeito “espírita” e fazer um gol sem ângulo) e de Elano. Kaká e Luis Fabiano não jogaram bem, mas o mais importante é os caras readquirirem ritmo de jogo. Maicon mandou bem. Achei que Michel Bastos esteve nervoso e tenho dúvidas sobre sua titularidade. Robinho se destacou pelo notável e incansável interesse no jogo, um tipo de atuação que nunca tinha visto ele desempenhar.

Próxima partida: Costa do Marfim.

Brasil 2x1 Coréia do Norte: primeira fase da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul - Grupo G, 15/06/2010, Terça-feira, 15h30.

Brasil:Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto SIlva, Felipe Melo (Ramires), Elano (Daniel Alves) e Kaká (Nilmar); Robinho e Luis Fabiano.

Coréia do Norte: Myonge Guk, Jong Hyok, Chol Jin, Jun Il, Nam Chol e Kwang Chon; In Guk (Kum Il), Yun Nam, Yong Jo e Yong Hak; Tae Se

Estádio: Ellis Park em Joanesburgo

Árbitro: Viktor Kassai (Hungria).

Gols: Maicon aos 10 minutos do segundo tempo, Elano aos 26 minutos do segundo tempo, e Yun Nam aos 43 minutos do segundo tempo. Cartões amarelos: Ramires. Cartões vermelhos: Nenhum.

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