domingo, 9 de dezembro de 2012

Grêmio 2x1 Hamburgo (amistoso - inauguração Arena do Grêmio, 08.12.2012, 22h)

A construção da Arena era um papo incipiente no final de 2006 e início de 2007, mas ganhou impulso a partir do apagão no Estádio Olímpico na estreia contra o Cucuta pela Libertadores de 2007 (resenha aqui). Foi a partir dali que o discurso do então presidente Odone ganhou justificativa, e passou a ser defendida abertamente a implosão do Estádio Olímpico e a construção de uma Arena para o Grêmio.

O local escolhido para abrigar o novo estádio foi no bairro Humaitá, após especulação de vários terrenos. A obra começou a ser concretizada em 2009/2010, e em pouco mais de dois anos a Arena foi erguida. Jamais passei na frente (havia um ponto para visitação), e dizia-se que era possível ver a construção passando pela Freeway. Fato é que só fui conhecer a Arena no dia da inauguração.

Durante 2012, com o estágio já avançado, e sendo projetada uma grandiosa inauguração, muita coisa foi prometida. Abertura com um show do AC/DC (ao fim de demorada negociação, a banda não abriu mão do seu descanso - após longa turnê do disco Black Ice de 2008 - e recusou proposta milionária), ou do Foo Fighters (a banda não deu muito papo pois recém havia anunciado período longo de inatividade para os próximos anos), ou até da Shakira (impossibilidade decorrente de gravidez)... acabou que foi confirmado apenas uma apresentação do Blue Men Group antes da partida inaugural. Além disso, deu certo o agendamento do show de encerramento do Estádio Olímpico, com a Madonna, uma semana após a última partida oficial (que foi o Grenal pela última rodada do Brasileirão 2012).

Quanto ao jogo de inauguração em si, seria um amistoso, e durante meses a negociação envolveu o Bayern München. Pois o maior campeão alemão tem grandes jogadores, de várias seleções (Neuer, Lahm, Badstuber, Boateng, Schweinsteiger, Kroos, Müller, Gomez da Alemanha; Ribbery da França; Robben da Holanda; Pranjic da Croácia; dentre outros tantos), e no início da temporada não estava muito bem. Mas no decorrer do primeiro semestre, o time de Jupp Heynckes engrenou e avançou todas as fases da Champions League 2012 e se classificou para a final contra o Chelsea, sendo certo que o jogo final seria disputado em casa, na Allianz Arena. Lembro que o Antonini chegou a se manifestar dizendo que secaria o Bayern (para perder a final), para não haver conflito de datas entre a inauguração da Arena e a final do Mundial interclubes FIFA em dezembro/2012. E o Bayern acabou perdendo a decisão nos pênaltis. Então o Bayern estaria liberado, de certa forma, embora a Federação Alemã de Futebol não disponbilizasse datas para o Bayern adiar alguma partida da Bundesliga para poder vir ao Brasil. A negociação, mais uma vez, fracassou, e o Bayern não veio. Então o plano B foi o Hamburgo, que não disputa nada na Bundesliga e reside na memória dos torcedores gremistas pois foi contra o Hamburgo que o Grêmio conquistou em 1983 o seu título mais importante. Com o Hamburgo as coisas foram mais tranquilas: o clube não se importou de vir ao Brasil praticamente no dia do jogo (disputou partida pela rodada da Bundesliga na sexta-feira, e veio para o Brasil em seguida a fim de disputar o jogo na Arena no sábado). O time tem bons jogadores como o Rene Adler (goleiro que voltou a ser convocado para a Seleção Alemã), o Aogo (lateral que já foi da Seleção Alemã), Berg (da Seleção da Suécia) e, principalmente, o holandês Rafael Van der Waart. Pois o craque se contundiu e não viria... além dele, vários outros jogadores principais da equipe acabaram não sendo escalados (Adler, por exemplo) ou entraram no decorrer da partida de inauguração (como Westermann, Son) ou foram substituídos (Aogo).

Muito bem, o jogo seria contra o Hamburgo e haveria apresentação do Blue Men Group. A questão dos ingressos foi resolvida dando prioridade aos sócios para a compra. Deveríamos entrar num site, selecionar a cadeira, pagar (não vimos a opção de pagamento por cartão de crédito, somente pelo Paypal) e ir buscar o voucher e o adesivo do estacionamento no Estádio Olímpico.

A Arena não estava pronta - foi aprontada para a inauguração, que seria o último ato do presidente Odone, que poucas semanas antes perdeu a eleição presidencial para Koff. Além disso, nenhuma obra de acesso viário foi realizada. Então todos sabiam que seria bem complicado chegar para a inauguração. O sábado de sol favoreceu. E nos organizamos para chegar com bastante antecipação: estávamos estacionados no E2 às 16h. Foi tranquilo o caminho. Caminhada de 10 minutos. A Arena é realmente uma obra grandiosa. Fomos até o portão oeste e já havia muita gente. Apesar do que havia sido dito sobre a abertura dos portões, fato é que nada foi liberado (ainda havia limpeza nas cadeiras e arquibancadas, dentre outros preparativos) e a Brigada Militar também não queria fazer a revista nos portões, e sim na entrada da rampa. Isso acarretou uma demora incrível na entrada, e ficamos até às 19h do lado de fora. Mesmo com a liberação da entrada, a lentidão, as filas enormes que só aumentavam para os lados, e resolvemos esperar as coisas acalmarem. Encontrei o Roberto aka sósia do Renato Portaluppi, e em seguida vimos passar o lendário goleiro Galatto.

Uma vez liberada a entrada pela rampa, acessamos o portão designado para os nossos lugares, e tratamos de sentar. No decorrer da espera vimos filas imensas nos bares e nos banheiros, e estes precariamente instalados (muitos não funcionavam, e os que funcionavam tinham longas filas dentro e fora). A visão já quando se entram nos setores é muito bonita: vê-se a arquibancada do outro lado, uma parede azul com torcedores. Dois telões LED, um em cada lado do campo, passavam várias imagens que iam conduzindo a apresentação. Houve o Blue Men Group então (não me empolguei pois não dava pra ver direito o que eles estavam fazendo no campo), o Borghettinho tocando no centro do gramado o Hino Riograndense, o Ivan Lins tocando e cantando o Hino do Grêmio pelo telão, discursos do Antonini, de um representante da OAS, da Arena, e do Odone (que parecia temer ser vaiado e ficou bastante emocionado com os aplausos - realmente não era momento para vaias).

Importava para o Grêmio (a) ser o primeiro a marcar no novo estádio e (b) vencer o primeiro jogo. O gramado não estava pronto e soltava-se em todos os lances. Os reservas do Hamburgo não resistiram por muito tempo os titulares gremistas, pois André Lima fez o primeiro gol na Arena aos 9min do 1.º tempo.

O jogo estava tranquilo, e pouco antes do intervalo meu pai foi para um dos bares para comprar algo para comermos. Pois o 1.º tempo encerrou, o intervalo passou inteiro, e com 20min da etapa complementar (e o time de Luxemburgo desfigurado com várias alterações, para preservar os titulares de alguma lesão em decorrência dos buracos no gramado), quando Rondinelly se preparava para entrar, resolvi ir procurá-lo, pois o sinal dos celulares era inexistente.

Em seguida saiu o gol do Hamburgo: um belo chute de Westermann, bom jogador que havia entrado no ótimo lateral Aogo. A essas alturas muitas pessoas já estavam indo embora, então resolvemos não voltar para os lugares, e sim sair da Arena para evitar o tumulto do pós-jogo. Já no carro ouvimos o gol da vitória marcado por Marcelo Moreno, já quase ao final.

Os objetivos para a partida de inauguração foram atingidos. Agora resta aguardar a Libertadores 2013 na nova casa.



Amistoso de inauguração da Arena do Grêmio — Porto Alegre, 8 de dezembro de 2012

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Pará, Werley (Saimon), Naldo e Anderson Pico (Tony); Fernando (Marco Antonio), Souza (Léo Gago), Zé Roberto (Marquinhos) e Elano (Marco Antonio); Leandro (Rondinelly) e André Lima (Marcelo Moreno). Técnico: Vanderlei Luxemburgo

HAMBURGO: Drobny; Bruma, Scharner Paul (Westermann), Rajkovic (Diek Meier) e Aogo; Sala, Rincon, Tesche (Aislan) e Ilicevic; Berg e Rudnevs (Son). Técnico: Thorsten Fink

Gols: André Lima (Grêmio, 9'/1ºT); Westermann (Hamburgo, 25'/2ºT); Marcelo Moreno (Grêmio, 42'/2ºT). Cartões amarelos: Illicevic, Tesche (Hamburgo); Saimon (Grêmio). Arbitragem: Carlos Amarilla, César Franco e Milciades Saldívar (trio paraguaio).

sábado, 8 de dezembro de 2012

Grêmio 0x0 Inter (Brasileirão 2012, 38.ª rodada, Estádio Olímpico, 02.12.2012, 17h)

Na reta final da temporada 2012, só interessava o vice-campeonato do Brasileirão 2012 ao Grêmio, pois fora desclassificado pelo Millionarios de Bogotá na Copa Sul-Americana 2012 (derrota lamentável por 3x1, de virada, numa atuação deprimente no segundo tempo, com inexplicável entrada de Kleber logo substituído por nova lesão, e de Elano, que estava machucado, e entrou visivelmente sem condições de jogo - o árbitro marcou pênalti duvidoso contra o Grêmio no último minuto).

Em 18.11.2012 o time de Luxa empatou com a Portuguesa em 2x2, em São Paulo, numa demonstração de reação após estar perdendo por 2x0. Em 25.11.2012, em Florianópolis, o Grêmio venceu o Figueirense por 4x2.

Para ser vice, o Grêmio podia empatar o Grenal se o Atlético-MG não vencesse o Cruzeiro. Se o Galo saísse vitorioso (o que era o mais provável, pois não dá para contar que o time de Celso Roth venceria o de Cuca e Ronaldinho Gaúcho), então só a vitória no Grenal interessava.

Esse Grenal foi significativo pois além de decidir o vice-campeão, também seria o último jogo no Estádio Olímpico. Para os gremistas representava então atingir o objetivo no Brasileirão 2012 (e assegurar entrada na Libertadores 2013 a partir da fase de grupos), e se despedir do Estádio Olímpico com um grande resultado. Para os colorados, que estão desmobilizados, com treinador recém demitido (Fernandão caiu pressionado pelos maus resultados e por uma ameaça por parte dos jogadores de entregar o Grenal), e sequência de derrotas, o jogo serviria para arruinar a festa gremista.

Muito mistério, mas mesmo os treinos fechados foram deixados em segundo plano considerando o destaque da imprensa para a despedida do Olímpico.

O Estádio ficaria lotado. Então fomos cedo e ficamos aguardando umas 2h até as 17h, horário do início do jogo. E fomos direto para as nossas cadeiras, conforme o número que consta dos cartões. Antes da bola rolar houve discurso e entrada em campo de vários ex-jogadores.

O jogo foi complicado. Luxemburgo adotou uma escalação que jamais venceu jogo esse ano, num esquema 4-5-1. Logo se viu que Zé Roberto estava cansado (mas ainda assim foi o melhor em campo pelo Grêmio), Elano não apareceu, e André Lima estava isolado. Era bola pra frente e o solitário centroavante tinha que lutar contra 3 ou 4 defensores colorados. Werley levou a pior em um lance aéreo e teve que ser substituído por Saimon, pouco confiável pois ou é expulso, ou comete pênalti. Torci para que o cara entrasse em campo tranquilo. O Inter, por sua vez, tinha Dalessandro num dia inspirado, então os ataques eram sempre perigosos.

O segundo tempo foi mais emocionante. Logo no início, Muriel interceptou jogada de Elano fora da área e foi expulso. Na confusão que seguiu, Luxemburgo entrou em campo para afastar jogadores como Pico e evitar alguma expulsão de jogador do Grêmio. Bem, o árbitro eleito para esse jogo foi o Heber Roberto Lopes, que não é dos meus árbitros favoritos, e o cara resolveu expulsar o Luxemburgo por invasão de campo. Com um jogador a mais o jogo era do Grêmio. Leandro e Marquinhos entraram em campo. Damião perdeu a cabeça e acertou Saimon - foi expulso imediatamente. Sempre achei o cara um grande centroavante, e grande figura para a Seleção, mas ele decepcionou ao ironizar a torcida no Estádio Olímpico. Então não deve ser por acaso que ele não tem feito tantos gols, e na Seleção já estava sendo preterido por Hulk.

Com dois jogadores a mais a vitória parecia questão de tempo. Mas ninguém parecia saber o que fazer para chegar no gol do Inter. Em 5min houve algumas boas chances de gol, inclusive uma bicicleta do Zé Roberto. Renan pode não ser um grande goleiro (nem sei se ele atuou em alguma partida esse semestre, ou esse ano), mas cresce em Grenal. Fechou o gol. Nos contraataques o Inter causava perigo.

E o jogo se encaminhava para o final. O árbitro deu 5min de acréscimos. No 1.ºmin o Saimon foi agredido pelo Osmar Loss, técnico interino do Inter, e revidou. Ambos foram expulsos e o jogo parou por uns 5min. Na retomada, Heber pegou a bola e encerrou o jogo, deixando-nos todos decepcionados. Queríamos ver futebol, e o árbitro queria ir embora pra casa. Nitidamente não estava preparado para um Grenal.

Ficamos de pé por uns 15min. Ninguém ia embora. Então resolvemos sair, pois havia possibilidade de invasão de campo e confusão. Na saída, despedi-me do Estádio tocando as paredes, cadeiras e tudo. Todo o concreto está firme, e vai virar pó. Foi muito complicado conseguir táxi, e a empresa pública municipal não colaborou nada com o trânsito.

Enfim, vimos o último gol no Estádio Olímpico (Moreno contra o São Paulo), e a série de maior invencibilidade (entre 2008 e 2010), com os jogos resenhados aqui. Fiz umas 180 resenhas de jogos do Grêmio no Olímpico desde 2005. Antes disso devo ter visto outro tanto de jogos, desde que comecei a frequentá-lo no início dos anos 1980. Meu pai mais ainda, desde 1970. Nem há tempo para saudosismo, pois semana que vem já vamos para a Arena, inaugurá-la com o amistoso contra o Hamburgo.

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Pará, Naldo, Werley (Saimon, 30 do 1ºT) e Anderson Pico (Leandro, 17 do 2ºT); Fernando (Marquinhos, 23 do 2ºT), Souza, Léo Gago, Elano e Zé Roberto; André Lima. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

INTER: Muriel; Ratinho (Renan, 5 do 2ºT), Moledo, Índio e Fabrício; Ygor, Guiñazu, Josimar, Fred (Cassiano, 17 do 2ºT; Forlán, 43 do 2ºT) e D'Alessandro; Leandro Damião. Técnico: Osmar Loss.

Cartões amarelos: Fred (I), Renan (I). Cartões vermelhos: Muriel (I), Leandro Damião (I), Saimon (G). Arbitragem: Héber Roberto Lopes, auxiliado por Carlos Berkenbrock e Ivan Carlos Bohn.

Grêmio 3x0 Sport (Série B, 31.ª rodada, Arena do Grêmio, 20.09.2022, 19:00)

 Com Renato de volta à casamata gremista, e após a vitória contra o Vasco, a expectativa era de como o Grêmio se portaria nos jogos fora de ...