Roger tem feito o que muitos treinadores dizem que fazem, mas a gente não costuma ver na prática: os jogadores, com suas atuações, é que se escalam. Todos estão tendo oportunidades, e quem aproveita, permanece. Então Bitello ganhou a titularidade, Villasanti agora é o primeiro volante, Rodrigues assumiu a lateral-direita, e Janderson foi para o banco, assim como Thiago Santos.
Para o Grenal, a expectativa eram os retornos de Ferreira e Diego Souza. Mas apenas o centroavante foi escalado (Ferreira ainda não está recuperado de lesão), e Roger mandou a campo Lucas Silva (que alguém lembrou que sempre vai bem em Grenais) e Elias, que foi uma boa surpresa.
Quando liguei a TV para ver o jogo, já era 30min do primeiro tempo, e o placar era 2x0. Gols de Elias, num contra-ataque rápido, no qual ele saiu em disparada e chegou inteiro para concluir (esse tipo de lance não é fácil, pois geralmente o ângulo para a conclusão é apertado). Bitello ampliou num chute com efeito de fora da área. O Inter não se encontrou em campo, teve jogador expulso, e no segundo tempo, o Grêmio ampliou: Elias sofreu pênalti cometido pelo goleiro, e Diego Souza converteu a cobrança, colocando a bola no ângulo superior. Na comemoração, Lucas Silva foi atingido por um celular arremessado por torcedor do Inter.
Essa questão da violência no futebol realmente está passando dos limites. E muito pouco se tem feito para efetivamente trazer paz aos estádios. O torcedor do Inter que arremessou a pedra no ônibus gremista, naquele Grenal que foi adiado, foi preso e em seguida solto, por ser réu primário. A periculosidade do ato não representou nada. O fato de que a soltura possa servir de incentivo para outros fazerem o mesmo, também não significou nada. Lucas Silva chegou a voltar a campo, e após o jogo tomou pontos na boca por conta do celular arremessado.
Eu, particularmente, estou arrasado com esses atos de violência. E fiquei impressionado como passou batido na transmissão da TV esse ato de violência: arremessar um celular contra um jogador. Podia ter sido algo muito grave. Mas na transmissão da TV ninguém repudiou, nem comentou o tipo de consequência que esse ato pode ter, nem nada. E vale lembrar que na véspera, dia 18.03.2022, uma partida da Bundesliga foi interrompida e encerrada quando um árbitro auxiliar foi atingido por um copo de cerveja arremessado por torcedor do Bochum. O Borussia Moechengladbach foi declarado vencedor.
Além da vitória de 3x0 no Grenal (que seguramente não teria vindo se não fosse a derrota humilhante por 0x1 no Grenal passado), a boa notícia foi a torcida do Grêmio, presente ao Estádio Beira-Rio, que eliminou dos cantos palavras e versos com teor racista. Isso é algo que todas as torcidas devem fazer, que é eliminar expressões racistas, homofóbicas, e outras despiciendas. Se em uma época isso foi comum, hoje em dia não é mais aceitável. Os torcedores que ainda não entenderam isso, vão se ver obrigados, pois os times estão sofrendo punições.
GAUCHÃO — SEMIFINAL (IDA) — 19/3/2022
INTER : Daniel; Bustos, Kaique Rocha, Cuesta e Paulo Victor; Gabriel (Johnny, 23'/2ºT) e Liziero; Edenilson (Bruno Méndez, 23'/2ºT), Taison (Caio Vidal, 35'/2ºT), Mauricio (Wesley Moraes, Int); DavidTécnico: Alexander Medina
GRÊMIO: Brenno; Rodrigues, Geromel, Bruno Alves e Nicolas; Villasanti, Lucas Silva (Gabriel Silva, 31'/2ºT), Bitello (Thiago Santos, 35'/2ºT); Campaz (Rildo, 42'/2ºT), Elias (Janderson, 31'/2ºT) e Diego Souza (Thiago Santos, 42'/2ºT). Técnico: Roger Machado
GOLS: Elias (I), aos 11 , e Bitello (G) aos 17 minutos do primeiro tempo tempo. Diego Souza (pênalti) aos 26 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS: Cuesta, Taison e Bruno Méndez (I); Rodrigues, Lucas Silva, Diego Souza e Bruno Alves (G)
CARTÃO VERMELHO: Paulo Victor (I)
LOCAL: Estádio Beira-Rio
PÚBLICO E RENDA: 35.753 (29.406 pagantes); R$ 1.365.336,22A
RBITRAGEM: Jean Pierre Lima, auxiliado por Jorge Eduardo Bernardi e André da Silva Bittencourt. VAR: Rodrigo Nunes de Sá (RJ).
Essa vitória elástica surpreendeu, e foi acompanhada de outras surpresas: Orejuela foi devolvido ao São Paulo (que já engatilhou repassar para Athlético PR), e mais um lateral direito foi trazido, desta vez o Rodrigo Ferreira, que vinha atuando pelo Mirassol e se diz que teve boas atuações no Paulistão 2022.
A classificação do Grêmio era dada como certa, pois o Inter precisaria fazer diferença de quatro gols para reverter a vantagem do primeiro jogo, ou então fazer três gols de diferença para levar a decisão para pênaltis. Então esse jogo de volta, na Arena, para o Inter serviria para disputar um Grenal com bravura, e também valia o emprego do técnico Medina. Dizia-se que uma boa atuação poderia segurar o técnico, que vem sendo muito questionado pela imprensa, mesmo com pouco tempo de trabalho, devido a atuações tidas como fracas e à desclassificação inesperada da Copa do Brasil com derrota para o Globo.
Até o último instante eu tive dúvidas se ia à Arena, mas prevaleceu a vontade de ver o Grenal e filmar o jogo. As imagens que eu vi nas redes sociais do jogo no México vinham na cabeça até a hora de entrar no estádio. Fiquei tranquilo quando vi que o policiamento era bem reforçado. Inicialmente o jogo seria às 16:30, mas depois de vários dias de negociações, foi transferido para 22:15, para atender os interesses da emissora que transmitiria a partida (e uns anos atrás propagaram que não teríamos mais jogos começando depois de 21:30...).
Saí com antecedência de mais de duas horas e meia, o trânsito fluiu, com alguma retenção na Voluntários perto do DC Navegantes, mas vencida a rótula, só parei no E2. Carro ficou longe, como sempre, não teve fila para entrada na rampa, e dessa vez não teve upgrade de assento, então procurei assento numa esquina para o lado que o Grêmio atacaria no primeiro tempo.
As duas horas passaram rápido (ótimas músicas no sistema de som). A única vez que tocou o hino do Grêmio foi quando o time entrou para o aquecimento (lembro que no Olímpico o hino tocava várias vezes antes da bola rolar, mais uma vez quando o time entrava em campo, e por último logo em seguida do apito final).
Roger não pode contar com Villasanti, convocado para a seleção do Paraguai (jogo das Eliminatórias). Então Thiago Santos foi escalado para fazer companhia a Lucas Silva, e aí voltou a dupla de volantes da época do Mancini.
Quando o jogo começou, todos ficaram em pé, e o jogo prometia ser eletrizante. A bola ia pra lá e pra cá, no campo de ataque dos dois times, mas um passe errado do Thiago Santos no meio-campo proporcionou um contra-ataque para o Inter, e a partir daí só deu Inter. Filmei o jogo inteiro com a partida do outro lado do campo, o de defesa do Grêmio. Thiago Santos já estava sendo visado pela torcida e imprensa pelas atuações de 2021 e 2022, e o cara, que saiu do time, voltou e mostrou que continua o mesmo, infelizmente. Passes errados no meio campo, e um passe para Diego Souza que estava impedido gerou reclamação do próprio Lucas Silva, que parece ter soltado um “pô, cara, te liga!˜.
Entendi parte das críticas ao Campaz. O cara foi bem no jogo contra o Ypiranga, e deu entrevista para um veículo de imprensa da Colômbia, na qual se congratulou pelo gol olímpico, e reconheceu a dificuldade de jogar no futebol brasileiro, e a cobrança de que não basta ser craque, camisa 10, pois tem que marcar e recompor, o que para ele parece que é novidade. No jogo contra o Ypiranga o Campaz marcou muito, ganhando divididas com a defesa adversária, e jogou bem até cansar. Nesse Grenal achei que o Campaz entrou sem pique. Se o Elias Manoel era firme, do outro lado, marcando e saindo em velocidade para o ataque, do lado de cá o Campaz meio que fazia de conta que preenchia o espaço, mas não marcava ninguém de fato, dando espaço pra quem recebia a bola fazer alguma jogada.
Mas eu também entendi a proposta do Roger. Todo mundo sabia que o Grêmio não ia sair pro jogo, e sim esperar o Inter, que precisava fazer gols. E o jogo logo se estabeleceu num ataque contra defesa, e o time de Roger estava por uma bola, um contra-ataque na velocidade, para liquidar a classificação. Essas jogadas foram raras, e muito difíceis de efetivar. Tentativas com Campaz e Elias, principalmente, mas para aproveitar poucas e difíceis oportunidades, tem que realmente estar num grande dia ou num grande momento.
Bom que a defesa tirava tudo. Rodrigues se saiu muito bem na marcação. Geromel também foi grande. Lucas Silva apareceu bastante para o jogo, e aí foi uma pena que para as jogadas de contra-ataque darem certo, o time de Roger precisava de jogadores mais móveis que Thiago Santos e Lucas Silva. Diego Souza teve muito poucas chances de aparecer no jogo.
As coisas voltaram iguais para o segundo tempo (mudei para o lado que o Grêmio ia atacar), até que Roger fez alteração no time. A ideia era que Ferreira, voltando de lesão, entrasse no decorrer do jogo, e eu pensava que ele entraria quando Roger quisesse fazer gol para vencer o Grenal. Mas Roger fez Ferreira ingressar no lugar de Elias. Só que Elias vinha bem. Acho que ele estava melhor que o Campaz e o Diego Souza. Entendo não tirar o DS, pois o cara é artilheiro e pode decidir a qualquer momento, mas Campaz poderia ter saído para entrada do Ferreira. Então o Ferreira errou várias jogadas pelo lado que antes era do Elias. E o Inter foi atacando, Brenno efetuou várias defesas difíceis, e sai o gol do Inter, numa cobrança de falta de longa distância, que Taison deu um chutaço e venceu Brenno (depois do jogo ouvi na rádio alguém sugerir que o goleiro poderia ter defendido a bola, e que teria se posicionado mal. Da onde eu estava, não pude avaliar, mas seja como for, acho chato essa pegação de pé nos goleiros gremistas. Afinal, o cara fez um monte de defesas. Uma passou. Todas as outras não passaram).
A partir daí, pra mim, o jogo degringolou, e apesar de algumas oportunidades, a meta do Inter jamais foi gravemente ameaçada. Teve confusão no final do jogo, Ferreira foi expulso (o cara parece que vibrou exageradamente alguma jogada, houve desentendimento com um jogador do Inter, os dois foram expulsos, e o jogo ficou parado por um tempão. Só que antes dessa expulsão, dois jogadores do Inter colaram no Ferreira e deu para ver que rolava o tipo de bate boca pra desestabilizar o cara que entrou em campo aplaudido, e todo mundo sabe que ele tem qualidade pra fazer jogadas que decidem uma partida).
O jogo se arrastou, e Vuaden resolveu não dar mais acréscimos, mesmo com o tempo de bola parada com a confusão. Houve mais baixaria no final do jogo, mas aí, tão logo soou o apito final, eu saí para o estacionamento.
Na saída, aquela inexplicável tática da EPTC de bloquear a via para a Voluntários, obrigando todos os carros do E2 andarem no meio da multidão de pessoas que estão saindo da Arena para fazer a volta e pegar a Rodovia do Parque, andar uns 6km, pegar retorno, mais 6km pra então sair pela Freeway. Não entendo como pode ser uma coisa boa forçar um monte de carros a passar por um monte de pessoas e ainda obrigar a andar mais de 12km para voltar para o mesmo lugar.
Seja como for, o Grêmio pega o Ypiranga na final do Gauchão 2022. O time de Erechim superou o Brasil de Pelotas, e o primeiro jogo da final é sábado, e depois o segundo jogo é na Arena.
GAUCHÃO - SEMIFINAL (VOLTA) - 23/03/2022
GRÊMIO: Brenno; Rodrigues (Sarará, 23’/2ºT), Geromel, Bruno Alves e Nicolas; Thiago Santos (Gabriel Silva, 23’/2ºT), Lucas Silva e Bitello (Fernando Henrique, 44’/2ºT); Elias (Ferreira, 13’/2ºT), Campaz (Janderson, 44’/2ºT) e Diego Souza. Técnico: Roger Machado
INTER : Daniel; Fabricio Bustos, Bruno Méndez, Kaique Rocha e Liziero; Gabriel (Johnny, 43’/2ºT), Edenilson, David (Caio Vidal, 38’/1ºT), Mauricio (Gustavo Maia, 45’/2ºT), Taison (Matheus Cadorini, 43’/2ºT); Wesley Moraes. Técnico: Alexander Medina
GOLS: Taison (I) aos 19 minutos do segundo tempo
CARTÕES AMARELOS: Maurício, Gabriel (I); Nicolas, Brenno e Ferreira (G)
CARTÕES VERMELHOS: Bruno Méndez (I); Ferreira (G)
PÚBLICO E RENDA: 33.837 (31.821 pagantes); R$ 2.305.320,00
ARBITRAGEM: Leandro Pedro Vuaden , auxiliado por Rafael da Silva Alves e Tiago Augusto Kappes Diel.VAR: Carlos Eduardo Nunes Braga (RJ)
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