domingo, 5 de julho de 2009

Grêmio 2x2 Cruzeiro (Libertadores 2009, Estádio Olímpico, 02.07.2009, 21h50min)

Tão logo se confirmou o Cruzeiro como adversário do Grêmio pela semifinal da Libertadores 2009, Autuori saudou a oportunidade de enfrentar uma equipe qualificada numa fase decisiva de uma competição importante, pois os adversários até então não serviriam para medir o quanto o Grêmio estava jogando bem ou mal. De fato, o Cruzeiro de Adilson Batista tem se mostrado um belo time, tendo derrotado o São Paulo com facilidade e jogando muita bola na fase anterior. Victor estava cedido à Seleção de Dunga para a Copa das Confederações (o Brasil acabou campeão ao vencer, na final, de virada, os EUA por 3x2), e Marcelo Grohe seguiu como titular. De forma surpreendente, Ruy foi sacado do time para o ingresso de Thiego, zagueiro improvisado na lateral direita. O Cruzeiro, por sua vez, tinha desfalques, sobretudo na lateral esquerda. Sabia-se que o importante era não perder de muito no Mineirão, e deveria ser marcado um gol, tendo em vista o regulamento que privilegia os gols marcados fora de casa para efeito de desempate. E nos minutos iniciais da partida de ida, o Grêmio parecia bem, pois inúmeras chances foram criadas e alguns gols incríveis foram desperdiçados: Maxi Lopez perdeu uma chance inacreditável, chutando por cima do gol quase na pequena área; Alex Mineiro - que recebia sua última chance no ataque gremista - também desperdiçou ao errar em bola nas mesmas condições. O Cruzeiro também havia atacado com perigo, e assim fez prevalecer uma das velhas "lógicas" do futebol: "quem não faz, leva". E o Grêmio levou um no final do primeiro tempo. Mas as coisas se perderam quando o time de Adilson ampliou logo ao primeiro minuto do 2.º tempo, numa bobeira notável da zaga gremista, que acabou se repetindo no 3.º gol cruzeirense. Há tempos vem sendo criticada a ineficiência do ataque gremista, e talvez não seja por acaso que apenas mediante um gol de falta (golaço), marcado por Souza, o Grêmio tenha conseguido aumentar, ainda que remotamente, as chances de classificação para a final: teria de vencer por 2x0 no Olímpico; o 3x1 deixava a decisão para a disputa de pênaltis; ou então qualquer vitória por diferença de 3 gols. A tarefa era complicada, mas não de todo impossível. O jogo foi competitivo dentro de campo, e um episódio acabou repercutindo após o apito final: Elicarlos acusou, na saída de campo, Maxi Lopez de tê-lo chamado de "macaco", e após minutos de tensão e resistência da diretoria gremista, o time inteiro foi à delegacia instalada no Mineirão para a oitiva do atacante argentino, que alegou sequer conhecer o significado da palavra, e que se tratava de discussão travada dentro de campo, e que lá deveria ser resolvida. A imprensa de TV e a maior parte da opinião pública formou o seu julgamento com base nas imagens da discussão entre os jogadores - Vagner também participou - mas o fato é que provavelmente jamais será esclarecido o que de fato foi dito de parte a parte. A única coisa que ficou clara é a ausência de esclarecimento geral sobre o que significa juridicamente racismo, que, evidentemente, não se configura simplesmente com o fato isolado de chamar alguém de "macaco", "gringo", "alemão", "japonês", "baiano", etc. De toda a sorte, o clima pós-jogo não era favorável ao time gremista, e toda essa questão extra-campo beneficiava o Cruzeiro, que sequer precisava vencer o jogo no Estádio Olímpico.

CRUZEIRO: Fábio; Jonathan, Leonardo Silva, Thiago Heleno e Elicarlos (Jancarlos); Marquinhos Paraná, Fabinho, Henrique, Wagner (Bernardo); Kléber e Wellington Paulista. Técnico: Adilson Batista.

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Thiego, Léo, Réver e Fábio Santos; Adilson, Tulio, Souza e Tcheco; Maxi López e Alex Mineiro (Herrera). Técnico: Paulo Autuori.

Copa Libertadores - primeiro jogo das semifinais, Mineirão, em Belo Horizonte (MG). 24/06/2009. Árbitro: Henrique Osses (CHI) e depois Jorge Osorio (CHI), Cristian Julio (CHI) e Osvaldo Talamilla (CHI). Gols: Wellington Paulista, aos 37min do 1º tempo; Wagner, a 1min e Fabinho, aos 21min do 2º tempo (Cruzeiro); Souza, 34 do 2º tempo (Grêmio). Cartões amarelos: Elicarlos (Cruzeiro); Marcelo Grohe (Grêmio).
Público: 51.296 pagantes. Renda: R$ 1.387.644,94.


O jogo de volta da semifinal da Libertadores 2009 não foi na quarta-feira seguinte ao jogo de ida, e sim na quinta-feira, para evitar o conflito de duas decisões em Porto Alegre (o Inter decidia a final da Copa do Brasil 2009 nas mesmas condições nas quais o Grêmio enfrentava o Cruzeiro pela competição sulamericana). Havia crença na classificação do Grêmio às finais da Libertadores 2009, tendo em vista o gol marcado por Souza no Mineirão no primeiro jogo contra o Cruzeiro. Mas a tarefa gremista era difícil, pois a campanha do time de Adilson dava conta de gols marcados em todas as partidas fora de casa, e a eficiência do ataque do time de Autuori, pelo contrário, era francamente questionada. Não por acaso, Alex Mineiro, outrora titular incontestável de Autuori, foi para a reserva em favor do sempre combativo Herrera.

Felizmente, não houve clima de guerra no Estádio Olímpico - pelo menos em relação aos visitantes. Chegamos ao Estádio com aproximadamente 1h30min de antecedência, e havia muita tranquilidade para escolher os lugares - fomos para os nossos oficiais, pois em dia de jogo decisivo é pouco provável que o dono de um posto privilegiado deixe de ir ao Estádio. Entretanto, mais além, soube-se que portões foram fechados e muitas pessoas ficaram de fora com ingresso na mão. Noticiou-se, inclusive, manobras do policiamento estatal contra os torcedores com cavalos e gás. O portão perto de onde estávamos foi aberto para parte desses torcedores, que ingressaram com a bola rolando e se acomodaram nos corredores, e nesse momento temi que se houvesse algo mais sério - como tumulto - teríamos problemas para sair do Estádio.

O jogo, propriamente, foi muito bom. O Grêmio entrou em campo com seriedade, marcando muito e saindo para o ataque de modo a não deixar o Cruzeiro sair do seu campo. Algumas chances foram perdidas, mas não havia desespero. O Cruzeiro sentiu o cenário desfavorável e tratava de retardar todas as reposições. Ainda com o placar zerado, Herrera foi derrubado na área, mas o árbitro Oscar Ruiz não marcou o pênalti, que poderia mudar a história do jogo. Numa das poucas vezes em que esteve no campo de ataque, o lateral direito do time mineiro retardou ao máximo a resposição de uma cobrança de lateral, e comentei para o lado "parece um timinho do Gauchão"... pois o cara passou a bola para o Kleber, que correu com a bola pela linha de fundo em direção ao gol, não foi contido por Fábio Santos, e cruzou para a pequena área, onde encontrou Wellington Paulista que só teve o trabalho de concluir para o gol. O 1x0 do Cruzeiro praticamente eliminava o Grêmio. O time e Adílson adicionou o insulto à injúria quando fez o segundo gol, dois minutos depois, em mais uma jogada de ataque pelo lado do Fábio Santos (Victor e a defesa chegou a reclamar de impedimento, mas o 2x0 estava consagrado). Veja-se que até os 30min o Grêmio era muito melhor em campo e o gol parecia questão de tempo; mas em 2 minutos o Cruzeiro, sossegadamente, marcou 2 gols e tornou as coisas muito complicadas para o Grêmio, que deveria fazer 5 gols e cuidar para não tomar outro para se classificar.

O Grêmio se perdeu nos últimos 10min do 1.º tempo, e houve quem deixou o Estádio no intervalo, dando como encerrado o jogo. Cheguei a temer uma goleada, pois quando o time começa a errar passes, corre mais e de forma equivocada, e aí todos cansam antes do fim do jogo. Decidimos ficar para ver pelo menos o início do 2.º tempo e evitar qualquer tipo de confusão fora do Estádio. Sem modificações, o Grêmio voltou para a etapa complementar em busca da dignidade, ou melhor, ser eliminado com dignidade, significando com isso não ser goleado, e se fosse possível vencer a partida por qualquer placar. Nesse sentido, mal pudemos acreditar quando Réver aparou de cabeça um cruzamento e fez o primeiro gol gremista.

1.º gol - Rever



Adílson foi expulso após falta como último homem; Perea, que não havia entrado em campo esse ano e ganhou vaga no banco de reservas após uma infeliz expulsão de Jonas contra o Sport pelo Brasileirão, substituiu um extenuado Herrera (o argentino correu muito). O segundo gol foi um golaço de fora da área marcado por Souza - achei desnecessária a comemoração do cara, pois foi um momento individualista (do que adianta comemorar um gol com tanta alegria se o time está desclassificado?).

2.º gol - Souza



Os demais esforços foram inúteis e o Grêmio não conseguiu a virada. A classificação do Cruzeiro foi merecida, pois o time de Adilson Batista era melhor e se posicionou como um grande time. As coisas poderiam ter sido diferentes, no entanto, se a defesa gremista não tivesse falhado no decisivo jogo do Mineirão, e se o ataque gremista tivesse mais efetividade. No mais, as equipes eram parelhas.

Eliminado nas semifinais da Libertadores 2009, cabe agora ao Grêmio voltar-se ao Brasileirão 2009 e buscar o título não conquistado em 2008 ou a vaga para a Libertadores 2010.

GRÊMIO: Victor; Thiego, Léo, Réver e Fabio Santos; Túlio, Adilson, Tcheco e Souza; Maxi López e Herrera (Perea). Técnico: Paulo Autuori.

CRUZEIRO: Fábio; Jonathan, Thiago Heleno, Leonardo Silva (Anderson) e Gerson Magrão (Elicarlos); Fabinho, Ramires, Marquinhos Paraná e Wagner; Wellington Paulista (Thiago Ribeiro) e Kléber. Técnico: Adilson Batista.

Gols: Wellington Paulista, aos 34, e aos 36 minutos do primeiro tempo; Réver, aos 9, Souza, aos 29 minutos do segundo tempo. Cartões amarelos: Tcheco, Thiego, Herrera, Maxi López (G); Ramires, Kléber (C). Cartão vermelho: Adílson (G). Público: 40.452 pagantes. Renda: R$ 966.652,00. Árbitro: Oscar Ruiz (COL), Abraham González (COL) e Humberto Clavijo (COL).

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