A tarefa do Grêmio era vencer o Boca Juniors por 3 gols de diferença a fim de levar a decisão para a prorrogação e tentar fazer o gol do título, ou decidir tudo nos pênaltis. Apesar de estarmos todos cientes da dificuldade que seria fazer esse placar no time argentino, o clima era de fé na equipe, afinal já vimos o Grêmio fazer coisas inacreditáveis.
Chegamos duas horas antes do jogo e acabamos sentando nos nossos assentos, o que acabou nos proporcionando experiências desagradáveis, nunca presenciamos tantas brigas e discussões entre os torcedores - teve um que acionou um sinalizador bem atrás de nós, respingando as faíscas perigosamente sobre nossas cabeças (o cara acabou grotescamente queimando a mão) e dois copos de cerveja atirados para o alto. Concluimos que a diferença entre os torcedores das cadeiras e os das sociais é a de que os primeiros são mais arrogantes (para dizer o mínimo), por terem melhores condições econômicas e por acharem que podem fazer o que quiserem porque compraram cadeiras. Quem assistiu o jogo bem perto de nós, com mulher e filha, foi o ex-zagueiro gremista Maidana.
No 1.º tempo o Grêmio atacou para o lado de lá (a goleira da geral) e sofreu com a eficiente catimba dos jogadores argentinos. Esse time do Boca conseguiu fazer o jogo ficar parado uma enormidade de tempo, e não levaram nenhum cartão amarelo por isso. Várias chances foram desperdiçadas, muitos passes errados, mas a marcação, pelo menos, estava em ordem, conquanto algumas chances tenham sido criadas pelo Boca, com arremates de Palermo, por exemplo. O jogo, então, estava difícil e pareceu ter complicado de vez quando Teco se lesionou e foi substituído por Schiavi. Lucas, Diego Souza e Tcheco decepcionaram no meio-campo. Quem jogou muita bola foi Gavillán; o cara foi uma verdadeira máquina, antecipando-se na marcação e roubando muitas bolas para armar jogadas no ataque. O paraguaio, que recém teve um filho nascido em Porto Alegre, realmente esteve inspirado e demonstrou muita vontade de ser campeão. Mas não dava pro Gavillán fazer tudo, e com o resto do time não colaborou. Tuta foi mais participativo do que de costume, mas ainda perdeu divididas e errou todas as tentativas de tabelas com os outros atacantes. A melhor chance do Grêmio foi um chute de Diego Souza que bateu no travessão.
Para o 2.º tempo o Grêmio tentou voltar com tudo; Tcheco aparentemente sentiu lesão e deu lugar a Amoroso. A melhor chance foi no início numa cabeçada de Schiavi que bateu no poste.
O tempo foi passando e o Grêmio ainda teve algumas conclusões muito fracas. Aí, aos 24min, Riquelme fez o 1.º gol do Boca. Imediatamente meu pai se levantou e nos encaminhamos para deixar o Estádio. Durante o longo e tumultuado caminho pela social, sem ver o jogo, ficou claro que o Grêmio não estava nem perto de fazer o seu gol. Quando finalmente acessamos o portão de saída, o Boca fez o 2.º gol, novamente com Riquelme. Este decidiu o título em favor do Boca Juniors e fez valer o investimento.
Já estávamos fora do Estádio quando ouvimos a torcida comemorar - era o pênalti desperdiçado por Palermo (incrível como ainda deixam esse cara cobrar pênaltis - ele erra todos).
Então, Boca campeão.
Bem vistas as coisas, não dava para esperar mais do Grêmio, sobretudo quando se verifica a campanha do time de Mano: perdeu quase todos os jogos fora de casa, e passou todas as fases com as calças na mão e o regulamento debaixo do braço, sempre fazendo o resultado indispensável para avançar na Libertadores.
Agora resta o modorrento campeonato brasileiro. E fazer tudo de novo - chegar ao final na zona da Libertadores para disputar a Copa em 2008.
GRÊMIO 0x2 BOCA JUNIORS - final da Libertadores 2007
Grêmio: Saja; Patrício, William, Teco (Schiavi, 35/1ºt) e Lúcio; Gavilán, Lucas, Diego Souza e Tcheco (Amoroso, intervalo); Carlos Eduardo e Tuta (Everton, 25/2ºt). Técnico: Mano Menezes.
Boca Juniors: Caranta; Ibarra, Díaz, Morel e Rodriguez; Ledesma, Banega, Cardozo (Battaglia, 13/2ºt) e Riquelme; Palacio e Palermo. Técnico: Miguel Russo.
Libertadores, Final, 20/6/2007
Gols: Riquelme (B), aos 24 e aos 36 minutos do 2º tempo.
Arbitragem: Oscar Ruiz (Fifa), auxiliado por Juan Carlos Bedoya e Jovani Zapata (trio da Colômbia).
Cartões amarelos: Diego Souza, Lucas e Lúcio (G); Ledesma (B).
Público: 43.952 pagantes (46.198 no total).
Renda: R$ 1,65 milhão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Grêmio 3x0 Sport (Série B, 31.ª rodada, Arena do Grêmio, 20.09.2022, 19:00)
Com Renato de volta à casamata gremista, e após a vitória contra o Vasco, a expectativa era de como o Grêmio se portaria nos jogos fora de ...
-
Em 1983 eu já era gremista, e desde que me conheço o Grêmio é campeão da Libertadores e do Mundial. Lembro de ir com o meu pai ao Estádio O...
-
O empate contra o líder Cruzeiro, na Arena, ainda dava algum crédito para o time de Roger. Mas na partida seguinte, mais uma derrota fora d...
-
A esta altura do campeonato o Grêmio se encontra numa posição impensável há pouco tempo: 4.º lugar, em ascensão, jogando bem todos os jogos,...
foi uma disputa difícil pra saber quem foi pior no jogo: o grêmio ou o juiz? quase impossível de dizer quem entrou menos em campo.
ResponderExcluire sobre a arrogância de social e cadeiras: é por isso que eu sigo peregrinando até um bom lugar na arquibancada. social eu já fui uma vez. não volto mais.