terça-feira, 15 de novembro de 2005

Grêmio 2x2 Portuguesa (Série B - fase final, Estádio Olímpico, 12/11/2005, 18:00)

Após a partida contra o Náutico no Olímpico (vitória de 1x0), o Grêmio se preparou para dois jogos fora de casa, sendo o primeiro contra o Santa Cruz no Recife. Os pernambucanos prometiam um clima beligerante, após notícias de que torcedores do Grêmio passaram a madrugada da véspera do jogo contra o Náutico estourando fogos de artifício para atrapalhar o sono dos jogadores - anunciou-se que os torcedores do Santa Cruz e do próprio Náutico revidariam.

A comissão técnica e os dirigentes, então, armaram uma estratégia para proteger os jogadores, levando seguranças para o nordeste e armando um esquema que se revelou genial: após o jantar, os atletas, em trajes de passeio, foram levados discretamente em duas vans para outro hotel há mais de 50 quilômetros; ficaram só o Mano, Pelaipe, outros dirigentes, e os repórteres das rádios gaúchas. A torcida pernambucana efetivamente providenciou a bagunça e a barulheira, mas não perturbou a equipe que dormia tranqüilamente longe dali.

Sem Anderson e Marcelo Costa, o Grêmio foi a campo para não perder, como geralmente ocorre nas partidas fora de casa. O Santa Cruz criou jogadas de perigo, especialmente por meio do Carlinhos Bala. Galatto cometeu um pênalti no 2.º tempo, mas defendeu a cobrança brilhantemente. Em seguida, Mano, inexplicavelmente, colocou Raone em campo (a equipe ficou com dois laterais-esquerdo: Raone e Escalona), e, como punição, Carlinhos Bala marcou, livre, o gol do Santa. Lipatin, que entrara no 2.º tempo, acabou dando fim ao seu jejum de muitos meses e marcou o gol de empate de cabeça, aproveitando cobrança de falta de Marcel. Com o resultado, aliado à vitória do Náutico sobre a Portuguesa de goleada, o Grêmio manteve a liderança da fase final.

Contra a Portuguesa, no Canindé, a equipe poderia contar com Anderson e Marcelo Costa - Mano acabou optando por colocar em campo apenas o primeiro; Lucas compôs o meio-campo com Jeovânio e Sandro. O técnico da Portuguesa escalou equivocadamente a equipe, pois, precisando vencer a partida em casa, optou por colocar um ponta-esquerda para marcar Patrício, deixando Johnson no banco. O 1.º tempo teve, até os 20 min, domínio do time paulista, mas sem conclusões perigosas. A partir daí o Grêmio passou a controlar e administrar o jogo. Em seguida, Ricardinho livre, chutou forte e cruzado para marcar o gol gremista. A partida se encaminhava para uma bela vitória. Até que Mano resolveu tirar Anderson para colocar Marcelo Costa. A Portuguesa teve Johnson no 2.º tempo, e este foi o responsável pelo castigo do técnico gremista, ao marcar livre, de cabeça, o gol de empate (Lucas falhou na marcação e Galatto não saiu do gol).

Não demorou e a Lusa perdeu dois jogadores (Celsinho e Kleber) expulsos por reclamações grosseiras. Mano colocou, então, Lipatin e Samuel para nos 15 min finais tentar o gol da vitória. Incrivelmente o time não conseguiu produzir chances para consagrar a vitória. O empate decepcionou a todos, mas com a vitória do Santa Cruz sobre o Náutico, o Grêmio permaneceu na liderança.

Voltando a Porto Alegre para dois jogos seguidos, o Grêmio pôde contar com uma semana inteira de treinamentos com Anderson, este já recuperado da lesão no tornozelo.

Projetava-se um grande público e uma grande vitória contra a Portuguesa no Olímpico. Em razão do jogo amistoso da Seleção Brasileira contra os Emirados Árabes ter ocorrido na mesma data, às 15h30min, a emissora responsável pela transmissão do jogo do Grêmio optou pelo horário das 18h, o que se revelou péssimo, pessoalmente. Chegamos perto das 17h, com espantosa tranqüilidade, e nos posicionamos na social ao lado da alma castelhana (atrás do gol da Cascatinha), próximo de onde ficamos no jogo contra o Náutico. Dessa vez o tempo estava menos abafado. Assistimos ao primeiro tempo em pé, até que a Portuguesa marcou dois gols.


Apesar de atacar bastante, e perder algumas oportunidades, foi a Portuguesa quem conseguiu marcar, duas vezes, aproveitando descuidos da defesa. No primeiro gol, após cruzamento lateral, Pereira afastou parcialmente de cabeça; a bola sobrou na entrada da grande área, e um meio-campo paulistano acabou chutando de fora da área - Galatto estava com visão encoberta e não pode fazer nada.


A torcida, que vibrava muito desde bem antes do início do jogo, passou a cantar com mais força. Incrivelmente a Lusa marcou o 2.º gol, numa jogada ensaiada - bola cruzada da lateral, um atacante escorou na 2.ª trave para Leandro Amaral, na 1.ª trave, livre de marcação e dentro da pequena área. Ficamos chocados e sentamos para acompanhar o resto do 1.º tempo. A equipe de Mano foi realmente muito mal, em que pese a Portuguesa ter armado uma boa retranca. Anderson esteve pouco inspirado - não se movimentou e não apareceu para o jogo. No intervalo, Mano foi corajoso e colocou Lipatin em campo no lugar de Anderson.


O Grêmio foi outro no 2.º tempo. Neste período ficamos o tempo inteiro em pé, e eu com a câmera ligada. Ricardinho, Lipatin, Marcel desperdiçaram três oportunidades logo no início. O gol se avizinhava. Após jogada individual brilhante, na linha de fundo e dentro da área, Ricardinho cruzou para a pequena área; por sorte Marcelo Costa vinha de trás, sem marcação, e com categoria empurrou a bola para o gol. O jogo já não estava mais tão perdido. Marcelo Costa deu lugar a Paulo Ramos, e este jogou bem pela primeira vez no Olímpico (ninguém da Gaúcha ou da RBS destacou a atuação do goiano). O cara correu bastante, aparecendo para receber passes em todos os lados do campo. Marcel compensou alguma deficiência com muita bravura - Davi Coimbra chegou a compará-lo a Iúra. De fato, Marcel não tirou o pé nas dívididas, e quando perdia a bola corria para marcar o adversário. Lipatin, embora não tenha marcado gol, foi outra boa presença do jogo, pois serviu de referência aos demais - sempre está bem posicionado.


O tricolor passou o tempo todo em cima do adversário. Até que numa cobrança de falta, Sandro Goiano chutou rasteiro, a bola passou por todo mundo, inclusive pelo goleiro Gleguer que engoliu o frango - a bola veio fraca, na sua direção, mas ele deixou entrar. O empate premiou a raça e a dedicação da equipe no 2.º tempo - o Grêmio atacou muito. Por vezes a equipe paulistana ofereceu perigo, como num chute dum atacante que chutou em cima de Galatto - este fechou bem os cantos e salvou para escanteio. Escalona, cansado, deu lugar a Alessandro - Patrício foi, então, deslocado para a lateral-esquerda. Patrício conseguiu algumas boas jogadas por aquele lado, e Paulo Ramos aparecia para dar assistência.

Os últimos minutos foram dramáticos, com o Grêmio perdendo muitas chances. Quando Lipatin cabeceou uma cobrança de escanteio para fora, raspando o poste, eu percebi que a bola não iria entrar mais. O juiz esperou os ataques do tricolor para só dar o jogo por encerrado numa cobrança de tiro de meta por Gleguer.


O empate não foi o melhor resultado - o Grêmio precisava vencer em casa - mas com a vitória do Santa Cruz sobre o Náutico, no domingo, deixou o clube dependendo de si mesmo - se vencer o Santa Cruz, e o Náutico não ganhar da Portuguesa, o Grêmio estará garantido na série A em 2006. É só o que esperamos.

GRÊMIO: Galatto; Patrício, Domingos, Pereira e Escalona (Alessandro); Jeovânio, Sandro Goiano, Marcelo Costa (Paulo Ramos) e Anderson (Lipatin); Marcel e Ricardinho. Técnico: Mano Menezes.

PORTUGUESA: Gleguer; Maurício, Silvio Criciúma, Du Lopes e Leonardo; Almir, Alexandre, Rodrigo Pontes (Rafael Toledo) e Wilton Goiano (Emerson); Johnson (Mendes) e Leandro Amaral. Técnico: Giba.

Gols: Almir (P), aos 20, e Leandro Amaral (P), aos 33 minutos do primeiro tempo. Marcelo Costa (G), aos três, e Sandro Goiano (G), aos 25 minutos do segundo. Cartões amarelos: Sandro (G); Leonardo, Alexandre e Rafael Toledo (P). Arbitragem: Wagner Tardelli (Fifa-RJ), auxiliado por José Claudio Paranhos (PR) e Beival Souza (RJ). Público total: 46.806. Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS).

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