domingo, 23 de outubro de 2005

Grêmio 1x0 Náutico (Série B - fase final, Estádio Olímpico, 22/10/2005, 16:00)


A semana que antecedeu o primeiro jogo da fase final foi nervosa, afinal noticiou-se uma mobilização dos poderes do estado de Pernambuco para viabilizar a subida dos dois times pernambucanos (Náutico e Santa Cruz) à série A em 2006. Sem contar o escândalo da arbitragem, que continua sendo motivo para muita discussão; os jogos anulados da série A estão sendo refeitos, e em todos o resultado é diferente do jogo original. Em todos os jogos, refeitos ou não, qualquer apito do árbitro (ou omissão de apitar) acarreta uma série de questionamentos e suspeitas. É, realmente, uma fase muito ruim para o futebol brasileiro, e cada rodada que passa é um episódio que se agrega nessa interminável bagunça que se tornou os campeonatos do futebol brasileiro. Nenhuma arbitragem tem passado imune de críticas, e aparentemente as coisas só tendem a piorar.

Após um período curto de recuperação, Anderson treinou com bola e garantiu a escalação para o jogo deste sábado. Com a suspensão de Sandro Goiano, Lucas ganhou oportunidade naquele jogo passado contra o Santo André, e de tão bem que entrou, praticamente escalou-se para o jogo contra o Náutico.


Fez tempo com muito sol a semana toda - só na sexta choveu à noite. O sábado amanheceu com muito sol e calor. Esperava-se público de 50 mil pessoas. Com isso, chegamos ao Olímpico após às 14:30 mediante carona de gremistas solidários e anônimos que nos viram esperando táxi. As sociais já estavam cheias, de modo que nos coube um lugar quase na linha da pequena área num assento descoberto. Em seguida o céu ficou encoberto por nuvens carregadas; dirigimo-nos, então, para as arquibancadas de trás do gol da Cascatinha, bem perto de onde tradicionalmente fica a alma castelhana. Dali vimos a chuva cair forte em instantes. A chuva amenizou o calor, mas o tempo ainda estava abafado. Com tanta gente na social, não houve condições para cerveja ou refri (no intervalo acabaram os copos!). A alma castalhana, como de costume, se fez presente o tempo todo, cantando todos aqueles hinos de jogo ("Somos a banda mais louca..." e tal).


O Náutico foi muito vaiado durante todo o jogo. A equipe entrou em campo toda de vermelho, e eu achava que os caras sentiriam a pressão do Grêmio e da torcida. Lamentavelmente não foi o que aconteceu. O 1.º tempo foi muito nervoso, com o jogo todo trancado. O Náutico exerceu marcação muito forte, não deixando espaço algum para os atacantes tricolores - Anderson, Samuel e Ricardinho. Os pernambucanos marcaram bastante, fizeram cera nas reposições de bola, mas foram com muito melhor aproveitamento ao ataque do que o Grêmio. A marcação da equipe de Mano foi deficiente, e os pernambucanos criaram algumas situações perigosas, com chutes incríveis para a linha-de-fundo. Anderson foi o que mais sofreu com a marcação do adversário, e não por acaso foi substituído no intervalo. Na metade do 1.º tempo, o craque teve chance extraordinária de fazer o 1.º gol, sem marcação - Anderson acabou não se entendendo muito bem com a bola, que sobrou para o bom goleiro pernambucano. Marcelo Costa, de atuação apagada, foi substituído ainda no 1.º tempo por Paulo Ramos - este teve a atuação costumeira, sem muita empolgação.


Lá pelos 15 ou 20 min de jogo houve um tumulto no meio da alma castelhana, e pudemos ver bem alguns caras se agredindo. Vaiamos muito essa demonstração de imbecilidade. É mesmo revoltante ver esses caras, que torcem para o mesmo time, deixando de lado o jogo para ceder a esses impulsos animalescos de partir para a briga, parece até que saem de casa preordenados para não assistir ao jogo. O tumulto acabou vitimando um garoto de 14 anos que caiu no fosso e se machucou com seriedade.
Nesses momentos foi bem difícil se concentrar no jogo, mas há que estar atento para essas confusões não passarem pra social (por sorte existem aquelas barras que dividem as torcidas, senão o corre-corre seria inevitável). Só após as coisas terem se acalmado, entrou em ação a Brigada, e dessa vez foi intensamente aplaudida, pois os brigadianos apenas marcaram presença, sem demonstrar a truculência de episódios anteriores. Menos mal que esses conflitos terminam logo, e os caras passam a gritar e pular com o entusiasmo de sempre. No intervalo ainda teve um novo início de tumulto e correria, e no 2.º tempo teve até um nervosinho na social; o jogo estava tenso mesmo.


No segundo tempo, Marcel entrou no lugar de Anderson. A torcida decidiu, então, entrar no jogo e passou a vibrar mais intensamente do que nunca. A equipe sentiu o apoio e foi para cima, após um início de etapa complementar com dominância do Náutico. O Grêmio teve boas chances: Marcel teve alguns arremates fracos, que o goleiro pegou firme; Ricardinho errou um gol incrível cara-a-cara com o gol. O Náutico continuava atacando perigosamente e marcando com muita eficiência. O Grêmio, muitas vezes, parecia perdido em campo. Escalona não foi bem, errando muitos passes (geralmente são muito curtos, não chegam ao companheiro mais próximo). A zaga esteve muito bem: Pereira e Domingos fizeram uma bela partida, sem erros. Patrício foi bastante acionado no 2.º e conseguiu algumas boas jogadas pela direita, mas os cruzamentos foram escassos. Samuel, que não apareceu muito, deu lugar a Lipatin que desperdiçou algumas jogadas. Lucas teve grande atuação a partida toda; mostrou muita disposição e imposição física. Marcou, desarmou e fez bons passes. O cara tem uma postura muito positiva dentro de campo, assim como Sandro Goiano, e acrescenta muito mais ao time que Nunes, por exemplo.


O Náutico teve um jogador expulso, e eu ainda acreditava no gol da vitória. O jogo se encaminhava para o final e o Grêmio teve uma cobrança de escanteio pelo lado esquerdo. O Náutico fez cera, mas na cobrança de Marcel, Domingos fez de cabeça o gol da vitória. A partir daí a torcida vibrou e cantou como nunca. Foi tão comovente que eu não me permiti fotografar ou filmar aquele momento. É do tipo de situação que não é possível registrar com fidelidade.


No outro jogo da rodada, a Portuguesa venceu o Santa Cruz por 4x1. Os próximos dois jogos serão fora de casa, contra Santa Cruz e Portuguesa.

Grêmio: Galatto; Patrício, Domingos, Pereira e Escalona; Jeovânio, Lucas, Marcelo Costa (Paulo Ramos) e Anderson (Marcel); Samuel (Lipatin) e Ricardinho. Técnico: Mano Menezes.

Náutico: Rodolpho; Bruno Carvalho, Marcelo Ramos, Batata e Ademar; Tozo, Cleisson, David (William) e Danilo (Beto); Romualdo (Miltinho) e Paulo Matos.

Arbitragem: Álvaro Azeredo Quelhas, auxiliado por Helberth Costa Andrade e Alexandre Santos Conceição (trio de MG).

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