domingo, 20 de novembro de 2005

Grêmio 2x0 Santa Cruz (Série B - fase final, Estádio Olímpico, 19/11/2005, 16:00)

Já na entrevista coletiva de Mano Menezes, ao final do jogo contra a Portuguesa, sábado passado, a imprensa gaúcha tratou de especular a escalação do time do Grêmio para a partida contra o Santa Cruz. Basicamente as perguntas ao técnico gremista se resumiam à presença de Anderson como titular, uma vez que foi substituído no intervalo do jogo contra a Lusa e a equipe melhorou muito de produção no 2.º tempo. Durante a semana foram tentadas várias alternativas, até com Anderson no lugar de Escalona. Prevaleceu, enfim, o esquema que garantiu o empate sábado passado: Lipatin no ataque com Ricardinho, e Anderson no banco. Jeovânio, que se machucou no treino, cedeu lugar para Nunes.

Com meu pai em Torres, dessa vez chamei um velho amigo para tomar assento na Social: Giulia não pensou duas vezes, e marcamos de nos encontrar a partir das 14h na Grêmiomania. O calor era infernal naquele horário. Por se tratar do último jogo do ano no Olímpico, e por todo o significado em torno da partida (seja qual fosse o resultado), e diante do fato de os ingressos terem se esgotado na véspera da partida, a direção incrementou a segurança do Estádio, com um número bem maior de seguranças e brigadianos. Tentamos entrar pelo Portão 1, mas um brigadiano resolveu encrencar com minhas pilhas recarregáveis sobressalentes. Sem a menor chance de desperdiçar essas pilhas caríssimas, e tendo assistido sem qualquer contratempo a todos os jogos do Grêmio neste ano (menos contra o Marília, na 1.ª fase), rapidamente me ocorreu de tentar o Portão 5. Lá não teve erro; entramos e nos acomodamos no mesmo lugar que eu assisti aos dois últimos jogos: atrás da goleira da Cascatinha, do lado da alma castelhana. Em seguida o André nos localizou e se acomodou com a gente.

Antes da bola rolar, Paulo Sant´Anna fez a volta olímpica e foi muito aplaudido, especialmente quando passou na frente da "Geral do Grêmio". Notei que, curiosamente, no jogo deste sábado a alma castelhana vibrou muito menos do que nos outros jogos; por vezes, a social iniciava os cantos, e estes não eram acompanhados pela geral. De qualquer maneira, quando tocou o hino do Grêmio e a torcida cantou junto, foi um momento muito empolgante.

No sorteio dos lados do campo resultou que pela primeira vez neste campeonato, pelo menos do que eu lembro, o Grêmio atacou no 1.º tempo contra o gol da Cascatinha - o nosso gol. Acredito que o Santa Cruz tenha ganho a escolha do lado de campo e tenha optado por jogar o 2.º tempo longe da alma castelhana, pois é geralmente após o intervalo que o jogo se decide, e a torcida tem sido fundamental nesse aspecto.

Logo no início do jogo, o Grêmio perdeu uma chance incrível de gol. A equipe pernambucana teve alguns ataques perigosos até os 20 minutos, aproximadamente, mas depois só deu Grêmio. Mas a equipe estava marcha lenta; Marcelo Costa não aparecia para receber, Sandro Goiano estava dormindo em campo (várias vezes perdeu a posse de bola por bobeira), Lipatin não acertou o posicionamento, Patrício não se ofereceu para o apoio; enfim, o time de Mano não buscava a vitória como deveria. Galatto fez defesas importantes e garantiu o resultado dos primeiros 45 minutos.

Assistimos ao jogo inteiro em pé, mas o 1.º tempo não foi animador. No intervalo, foi a vez de Dinho dar a volta olímpica e ser muito aplaudido, rendendo ainda os gritos de "Grêmio, Grêmio, nõs somos campeões da América".

No 2.º tempo o Grêmio atacou para o gol do outro lado, e atacou muito mais do que no 1.º tempo. Todos os jogadores tiveram um incremento de produção. Nunes apareceu muito bem todas as vezes, bastante seguro, muitas vezes impedindo os meio-campistas do Santa ingressar no campo gremista. O seu cartão amarelo, merecido, foi muito oportuno, pois foi decorrência de uma falta que paralisou um contra-ataque forte dos pernambucanos. Marcelo Costa permaneceu fazendo uma partida obscura. Sandro Goiano melhorou bastante, se lançando bastante no apoio. Ricardinho, mostrando que é um excelente jogador, infernizou a zaga do Santa o jogo inteiro, sempre conseguindo jogadas perigosas. Ele enfrenta os adversários, geralmente com vantagem; incrível como ele raramente cai, sempre consegue chegar pelo menos à linha de fundo. Lipatin é quem não conseguia alcançar as bolas alçadas por Ricardinho.

O jogador uruguaio disse na ZH de sábado que constantemente sonha com a marcação de gols de cabeça, e que para o jogo contra o Santa Cruz ele havia sonhado que marcaria um gol de cabeça. O Benfica chegou a compará-lo com o Lima, que na década de 80 sonhava com os gols - e os marcava efetivamente. Quanto ao Lipatin, eu não levei muita fé no noticiado sonho. Mas aos 10 minutos o cara aproveitou um cruzamento e fez o 1.º gol. Que momento e que vibração tomou conta da torcida depois desse gol! O Olímpico inteiro, lotado, passou a gritar como nunca e a girar as camisetas por sobre a cabeça. No RBS Notícias eu pude ver que o gol do uruguaio foi feito debaixo de golpe de boxe praticado pelo goleiro pernambucano. A queda do atacante foi preocupante, mas aparentemente foi sem conseqüência.

Marcel foi o mesmo de sempre, fundamentalmente um jogador raçudo. Errou muitas jogadas no primeiro tempo - cruzamentos mal feitos, passes errados e domínio de bola bisonho -, mas foi premiado com um gol de cabeça, o 2.º gol do tricolor, aproveitando um cruzamento de Ricardinho (jogada pessoal deste). Nova explosão da torcida, e ficamos muito aliviados com a garantia da vitória.

No mesmo horário ocorria o outro jogo da rodada, Náutico x Portuguesa, e a combinação de vitória do Grêmio com empate ou derrota do Náutico colocava o tricolor na série A do ano que vem. Ocorre que os paulistas não fizeram a sua parte e levaram 2x0 do Náutico - chegaram a perder um pênalti -, de modo que todos têm chances matemáticas de classificação.

Dali para frente o Grêmio conseguiu controlar o resultado; o Santa Cruz ainda tentou alguns ataques, mas desperdiçados especialmente por Carlinhos Bala. Com o final do jogo se avizinhando, os seguranças tomaram posição a fim de coibir invasão de campo, especialmente dos torcedores da geral.

Lucas entrou no lugar do cansado Marcel e deu boa contribuição - o garoto tem boa disposição, é atilado para o desarme e tem postura ativa em campo. Em seguida Pedro Júnior entrou no lugar de Lipatin, mas não teve tempo para mostrar nada.

Antes do jogo começar, um gaiato perto de nós informou que Anderson não estava como opção nem no banco. Assim, bem no final do jogo, quando Marcelo Costa saiu de campo, não identificamos que era Anderson quem o substituiu (só na TV é que eu pude ver). De qualquer maneira, o craque entrou com o jogo já decidido - o Grêmio venceu mesmo sem seu maior jogador.

Quando o juiz apitou o final do jogo, operou-se a inevitável invasão dos torcedores da geral, imediatamente repelidos pelos seguranças.

Resta apenas um jogo para o Grêmio decidir sua sorte para 2006. Sábado que vem, contra o Náutico no Recife, o Grêmio precisa de pelo menos um empate para se garantir na série A. Se perder, precisa torcer por uma vitória da Portuguesa sobre o Santa Cruz. Seja como for, o Olímpico não sediará mais jogos oficiais neste ano.

GRÊMIO: Galatto; Patrício, Domingos, Pereira e Escalona; Nunes, Sandro, Marcel (Lucas) e Marcelo Costa (Anderson); Lipatin (Pedro Júnior) e Ricardinho. Técnico: Mano Menezes.

SANTA CRUZ: Cléber; Valença, Carlinhos e Adriano (Leonardo); Osmar, Neto, Andrade, Rosembrick (Júnior Maranhão) e Xavier; Carlinhos Bala e Reinaldo (Paulinho). Técnico: Givanildo Oliveira.

Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa/PR)
Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa/PR) e Gilson Coutinho (PR)
Cartões amarelos: Nunes (G), Andrade (S), Neto (S)
Cartão vermelho: Neto (S)
Gols: Lipatin, aos 10min, Marcel, aos 26min do segundo tempo

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