sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Grêmio 1x2 Huachipato (Copa Libertadores 2013, fase de grupos, 1.ª partida, Arena, 14.02.2013, 19h45min)

Com a classificação assegurada para a fase de grupos da Libertadores 2013, o Grêmio foi às compras para reforçar o elenco. Em poucos dias vieram Adriano (volante do Santos), Welligton (atacante que veio da Rússia), André Santos (lateral esquerdo do Arsenal) e, principalmente, Barcos (atacante do Palmeiras). Este último foi jogada genial do Rui Costa e do Fábio Koff, pois envolveu uma parte de dinheiro para o Palmeiras, outra para o jogador (dívidas do Palmeiras) e outra para a LDU (dívida do Palmeiras), além do envio de jogadores como Vílson (em definitivo, já havia sido descartado pelo Luxemburgo), Leo Gago, Leandro e Rondinelly (os três por empréstimo). Um último jogador seria incluído no negócio: Marcelo Moreno. O atacante reportou que não teve ciência do negócio, mas que de qualquer forma não gostaria de sair. Então o cara ficou, e foi o melhor negócio imaginável: um atacante matador por quantias em dinheiro e quatro jogadores inexpressivos.

Luxemburgo fez mistério na escalação: Adriano ou Fernando como primeiro volante. Particularmente, achei que deveria começar com Fernando, e talvez entrar o Adriano no decorrer do jogo, pois do contrário haveria muitas estreias em todos os setores do time. De qualquer forma, no papel o time parecia imbatível.

Ninguém que eu conheço, e nem eu, nunca ouvimos falar do Huachipato. Foi o campeão chileno de 2012, mas não realiza boa campanha nessa temporada, e ainda não havia feito nenhum gol em 2013. O clube não tem tradição em competições internacionais, e o jogador de maior destaque, Braian Rodriguez, tem salário baixo para os atuais padrões do futebol brasileiro (jogaria num time do Gauchão por esse salário).

A vitória do Grêmio se impunha nessas condições.

Chegamos à Arena com boa antecedência. Nem tinha muito movimento de carros ainda na rua de acesso, e bem poderíamos ter estacionado por ali mesmo, pagando 20 pila para um flanelinha. Optamos por um estacionamento que vimos no caminho, o que tem uma torre "Chies", mas ficamos com uma vaga enfiada. Apesar de ser mais perto da Arena, previ que haveria tranqueira na saída.

Se no jogo contra a LDU ficamos embaixo da cabine do SporTV, na qual estava o Milton Leite e o Noriega, dessa vez a cabine da emissora estava ocupada pelo Luis Carlos Junior e o Roger, ex-jogador e atual finalizador, que agora vai exercer carreira de comentarista.

Foi tranquila a chegada à Arena, e fomos os primeiros a entrar e ocupar os lugares. Com o horário do jogo mais cedo do que o habitual, o público definitivo se consolidou perto do apito inicial. Antes do jogo houve polêmica sobre o setor destinado à avalanche: o Grêmio foi multado pela Conmebol, que exigiu a não utilização do espaço, e os Bombeiros exigem a instalação de cadeiras para a liberação do alvará definitivo. Para esse jogo, o espaço foi fechado (ficou vazio, com duas enormes bandeiras gremistas), e os torcedores foram redirecionados para outros setores.

Com a bola rolando, o Grêmio foi para cima e parecia que seria um massacre. O Huachipato conteve o ímpeto inicial e arriscou uns lances no ataque. O time do Luxa se atrapalhou com a marcação adiantada do adversário (como ocorrera contra a LDU, e no ano passado em vários jogos, como o Millionarios, Palmeiras...) e os erros de passes no meio-campo tiraram a paciência da torcida. As primeiras jogadas de Adriano foram de efeito: passes de primeira, giros e outros enfeites, e todos passes errados. Souza se contaminou e ficou nervoso, e errou muitos passes. Pareceu a todos nós que era a pior partida do Souza no Grêmio. O time visitante conseguiu vários escanteios, um chute fora da área com perigo, e a coisa estava se desenhando para um gol do Huachipato. Que chegou com o aproveitamento de um vacilo da zaga gremista.

O gol logo cedo foi surpreendente, mas havia certeza da possibilidade da reversão do placar. O primeiro tempo todo passou e as chances concretas de gol foram escassas. Elano e Zé Roberto não vinham receber a bola para armar o jogo, então Saimon, Cris, Souza e Adriano (os volantes na base dos passes errados) eram obrigados a fazer lançamentos, ou passes laterais, dificultando a saída de jogo.

No intervalo, Luxemburgo partiu para o tudo ou nada, sacando Adriano para o ingresso de Marcelo Moreno. O objetivo era complicar a marcação com mais um jogador no ataque. O Grêmio do 2.º tempo foi melhor, mas foi o Huachipato quem marcou, ampliando em mais um vacilo da zaga. Cris (pelo alto) e Saimon foram eficientes na maioria dos lances, mas não em todos. E o Huachipato fez 0x2. Aí ficou complicado.

Todos víamos que Barcos foi uma excelente aquisição. O cara é o atacante trombador, e ele ganha as divididas com os zagueiros, algo muito raro no Grêmio nos últimos anos. Provocou o lance do pênalti e pediu para bater e fazer o primeiro gol com a camisa gremista.

O gol do empate não saia, então Marco Antonio e Welligton entraram no lugar de André Santos e Vargas. O estreante lateral esquerdo mostrou que tem qualidade, e que estava completamente fora de ritmo de jogo (exagerou a força em passes longos, ou optou por não correr para o ataque quando deveria fazê-lo) e Vargas exagerou na correria em direção ao gol (antes de chutar ou de passar para alguém perdia a bola, ou dava um passe errado, ou não se acertava para receber o passe de Moreno ou Zé Roberto). Com essa configuração, Elano (que só assumiu o papel de armador a partir dessa hora) e Marco Antonio ficaram no meio, e Zé Roberto na lateral esquerda. Pois o cara se mostrou o melhor lateral possível, com arrancadas fortíssimas em direção à linha de fundo. Mas não era dia: Welligton (concluiu para fora) e Barcos (o goleiro salvou) perderam chances incríveis de gol. A arbitragem, típica de Libertadores, deu apenas 3 min de acréscimos, e não permitiu a cobrança do segundo escanteio em favor do Grêmio.

O resultado, inesperado e incomum, era injustificável. Na coletiva pós-jogo, pela primeira vez ouvi Luxemburgo perder a linha, falando muitos palavrões, e deixando de falar do jogo. Geralmente ele concentra suas análises no jogo, e deixa bem claro aos repórteres ("vou falar só do jogo"). Dessa vez o cara resolveu atirar para todos os lados: lembrou da troca de diretoria, que acarretou a demora nas contratações, e assim a pré-temporada foi com um grupo, e o time titular contém outros jogadores; o gramado da Arena ainda é inservível, e isso teria prejudicado o time do Grêmio, que é de toque de bola. Luxa sugeriu e enfatizou bastante que o Grêmio deveria mandar os seus jogos no Estádio Olímpico por um mês, para dar tempo do gramado da Arena ficar em condições melhores. O próprio Luxa, no entanto, admitiu que o Fluminense, na noite anterior, venceu por 1x0 o Caracas, na Venezuela, em Estádio acanhado e gramado em piores condições. E acrescento lembrando que o Grêmio do Luxa foi vencido pelo retrancadíssimo Palmeiras do Felipão e do Barcos em 2012, na Copa do Brasil, por 2x0 no belíssimo gramado do Estádio Olímpico. Na época o treinador justificou-se dizendo que faltava o jogador que entrasse a dribles na defesa adversária, e que esse jogador era o Zé Roberto, que se apresentou logo depois da desclassificação. Enfim, sempre tem alguma coisa faltando...

Pode não ser por acaso que Luxa ainda não tenha ganho nenhuma Libertadores, e tenha empilhado títulos brasileiros. Os times do Luxa, desde a época do Palmeiras e dos confrontos com o Grêmio do Felipão, tinham dificuldades com adversários fechados e com proposta defensiva, o que é tradicional de competições do estilo mata-mata como Libertadores e Copa do Brasil; já o Brasileirão é de pontos corridos, e assim todos os jogos valem o mesmo, desimportando se é clássico ou se é contra adversário nas últimas posições da tabela. Os times não jogam tão fechado nessas condições, e um clube com bom elenco cumula bastante pontos para se tornar campeão. Então parece-me que o caminho da Libertadores 2013 vai ser bastante complicado (ainda há tempo para melhorar o time e obter a classificação), mas é boa a chance de título do Brasileirão 2013.

Grêmio: Marcelo Grohe; Pará, Cris, Saimon e André Santos (Marco Antonio, 26’/2º); Adriano (Marcelo Moreno, int), Souza, Elano e Zé Roberto; Vargas (Welliton, 26’/2º) e Barcos. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Huachipato: Nery Veloso; Contreras, Muñoz Camilo, Labrín e Crovetto; Yedro, Sandoval, Arrue (Aceval, 28’/2º) e Felipe Reynero (Nuñez, 15’/2º); Falcone (Gonzales, 38’/2º) e Braian Rodriguez. Técnico: Jorge Peliicer.

Gols: Falcone (H), a 17 do primeiro tempo; Braian Rodriguez (H), a 5, Barcos (G), a 8 do segundo. Cartões amarelos: Crovetto, Braian Rodriguez, Contreras (H), Saimon (G) Arbitragem: Diego Abal, auxiliado por Hernan Maidana e Juan Belatti (trio argentino). Renda: R$ 1.276.060,00. Público: 29.174 (28.164 pagantes).

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