terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Grêmio 1 (5)x(4) 0 LDU (Copa Libertadores 2013, fase pré-grupo, jogo de volta, Arena, 30.01.2013, 22h)

Com a campanha no Brasileirão 2012, o Grêmio obteve classificação para a Libertadores 2013, mas deveria passar pela fase pré-grupo. Entre reforços e saídas, Koff, Rui Costa, Selaimen e outros trouxeram Dida para o gol (o veterano fez um bom campeonato pela Portuguesa, e serviria para dar maior segurança pela maturidade, pois avaliou-se que Grohe, apesar de ter se apresentado bem no geral, após assumir a titularidade com a venda de Victor, era insuficiente, pois os goleiros reservas Busatto e Matheus são muito jovens); Cris para a zaga (Werley foi suspenso por 3 jogos pelos incidentes do jogo contra o Millionarios pela Copa Sulamericana 2012, e Naldo foi vendido para a Udinese); Bressan, Alex Telles vieram do Juventude; renovaram-se contratos de Pará, Souza e Zé Roberto; Jean Deretti do Figueirense; e principalmente, após uma negociação complicada e quase infrutífera, veio Vargas do Napoli.

A pré-temporada foi mais curta do que seria desejável, e com a definição do confronto com a LDU do Equador, optou-se pela viagem com quase duas semanas de antecedência, para viabilizar aclimatação com os efeitos da altitude. Selaimen, como executivo de futebol, pediu para sair, e Vilson, que ganharia chance entre os titulares, foi desligado do grupo por indisciplina (não obedeceu orientação do Luxemburgo em jogo-treino e não quis voltar a campo). Esses fatos davam indícios de que as coisas não andavam bem nos bastidores, e aí é meio caminho para o fracasso.

A primeira partida dessa fase pré-grupo, contra a LDU, em Quito, foi complicada. O time de Luxemburgo não acertava passes e a LDU se mantinha no campo de ataque. Mas no primeiro tempo ninguém fez gols. E o Grêmio melhorou em campo e teve boas chances de gol, desperdiçadas sobretudo por Marcelo Moreno. Dida se contundiu em uma saída de bola e foi substituído por Marcelo Grohe. No primeiro lance seguinte, a LDU fez o gol da vitória no único lance em que a defesa gremista falhou. O resultado impunha ao Grêmio vencer por dois gols de diferença. Com um gol de diferença a decisão iria para os pênaltis. E o empate favorecia a LDU.

Luxa tinha uma semana para armar o time para o jogo da volta, com a imposição de vitória. Dida não se recuperou da lesão, e por ironia, Grohe seria escalado para o jogo decisivo. Particularmente, não era isso que me preocupava, pois Grohe já havia desempenhado bem nesse tipo de situação (teve um Gauchão - acho que o de 2006 - que Galatto era o titular, mas estava suspenso ou lesionado para o Grenal decisivo no Beira-Rio; Grohe era ainda mais inexperiente e entrou em campo e mandou bem). Cris era dúvida em razão de dores musculares e acabou não jogando mesmo. Assim, a defesa gremista parecia frágil, com Saimon sendo o mais experiente (!?) ao lado do estreante Bressan, e nas laterais Pará pela direita, e o estreante Alex Telles pela esquerda. O meio de campo seria o titular, e no ataque Moreno ganhou a companhia qualificada de Vargas.

Dirigimo-nos para a Arena com umas duas horas de antecedência. Em nenhum lugar tinha visto que deveríamos ter comprado antecipadamente a vaga no estacionamento da Arena, mas chegando lá nosso feeling deu conta de que era melhor estacionar num Estapar da vida, um pouco mais caro, mas garantido. E foi a coisa certa, pois pegamos uma das últimas vagas, efetivamente não teríamos como estacionar na Arena, e foi estratégico para o caminho da volta (percorremos aproximadamente os 7,5km até a minha casa em 18min, uma barbada, perto de quem ficou horas preso nas outras saídas mais competitivas).

Antes da bola rolar, homenagem às vítimas do desastre em uma boate em Santa Maria (mais de 230 pessoas morreram após um artefato com fogo provocou a queima do revestimento acústico de espuma da boate, que por sua vez tomou conta do local, que tinha apenas uma saída - 90% das mortes foi por asfixia). A partida foi complicadíssima. A LDU veio fechada, deixando o jogo rolar ao seu proveito, retardando as reposições. O árbitro não era do tipo que marcava faltas (dizia-se que só em caso de "tiro" ele assinalaria alguma falta). Jogo típico de Libertadores. O time do Luxa não conseguia furar o bloqueio da LDU. O primeiro tempo passou inteiro, e era difícil acreditar que a classificação seria obtida. Zé Roberto e Elano não estavam conseguindo jogar, e Marcelo Moreno não ganhou nenhuma dividida - mas também não recebeu nenhum cruzamento correto do Pará. Particularmente achei que Elano estava abdicando demais da partida: toda bola que vinha nele, o cara dava um passe de primeira - sempre errado; quando alguém ia cobrar arremesso lateral e fazia menção de que passaria a bola para Elano, o cara apontava para alguém mais atrás para receber o passe. Mas ele chutou duas bolas difíceis para o bom goleiro da LDU, e no segundo tempo ele se revelou um dos heróis da classificação. De outra banda, Marcelo Grohe estava firme, tanto quanto a zaga jovem de Bressan e Saimon e Alex Telles que ganharam todas as jogadas na defesa.

Luxa foi para o tudo ou nada na volta do intervalo. Sacou Moreno e Fernando e promoveu o ingresso de André Lima e Willian José. Na hora deu pra notar a mudança na disposição tática (para isso favorece os novos assentos na Arena) e a LDU não tinha mais como marcar tão em cima do campo do Grêmio, pois o Grêmio tinha vários jogadores no campo da LDU para serem marcados. Pouco depois dos 15min, Elano se iluminou e acertou um chutaço de fora da área e marcou o primeiro gol em jogos oficiais na Arena. Na comemoração do gol, a tradicional avalanche provocou a derrubada da grade e vários torcedores caíram no "fosso", acarretando entre 7 e 8 feridos. O incidente teve ampla repercussão (talvez maior que o resultado da partida) e é certo que servirá para a revisão do posicionamento dos torcedores das arquibancadas populares .



O placar de 1x0 trouxe alívio pois servia para levar a decisão para os pênaltis. O Grêmio buscou o segundo gol, sem sucesso. Jean Deretti foi insinuante em jogadas agudas e provocou expulsão de um adversário.

Na decisão por pênaltis alguns novatos foram selecionados. Na NBA, por exemplo, a jogada decisiva recai sempre sobre o jogador com maior salário (o arremesso do último segundo sempre é de um Kobe Bryant ou Lebron James). No futebol não é bem assim, e se entende como normal que os melhores jogadores fiquem de fora das cobranças sob alegação de cansaço, falta de confiança, etc. O primeiro dos tiros livres foi bom, mas Saimon telegrafou o canto. Menos mal que um jogador da LDU chutou uma bola no poste, igualando o escore. Coube a Marcelo Grohe fazer a defesa salvadora e classificar o Grêmio para a fase de grupos da Libertadores 2013.

Definida a classificação, o Grêmio ficou no Grupo 9 com Fluminense, Huachipato-CHI e Caracas-VEN.


LIBERTADORES - 30/1/2013 - PRIMEIRA FASE (VOLTA)

LDU: Domínguez; Urtado, Morante, Canuto; Madrid , Hidalgo, Vera, Feraud (Vitti,36'/2ºT) e Reasco; e Garcés (Velez). Técnico: Edgardo Bauza

GRÊMIO: Marcelo Grohe; Pará, Bressan, Saimon e Alex Telles; Fernando (Willian José, int), Souza, Elano (Jean Deretti, 36'/2ºT) e Zé Roberto; Vargas e Marcelo Moreno (André Lima, int). Técnico: Vanderlei Luxemburgo

Gols: Elano, aos 16 minutos do segundo tempo (G). Cartões amarelos: Elano (G),Souza (G); Vera (L). Cartões vermelhos: Urtado (L). Renda e público: 41461 pessoas. Arbitragem: Saúl Laverni, auxiliado por Ernesto Uziga e Gustavo Rossi

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